A serrada da velha de outro tempo…
Ninguém se esquecia dessa oportunidade para “brilhar” com a figura da “Belha”, uma boneca feita com pauzinhos em cruz, trapos e jornais usados. Era escondida até à noite da referida festa. Depois, cheios de medo, caminhávamos pelos escuros caminhos (a luz elétrica surgiu muito mais tarde)
Nessa despedida do inverno, segundo a lenda, procurávamos uma casa onde habitasse alguma idosa para gritar “Olha a Belha”, cantando e depois fugindo a sete pés, pois estávamos sujeitos a levar uma vassourada ou a correr à frente do cão!
Este rincão limiano tem-se distinguido ao longo dos séculos por diversos rituais de registos populares, sempre com o envolvimento dos mais novos.
Confesso que deixei de participar nesta manifestação pelo facto de numa dessas noites o terem feito à minha querida avó materna, com a bonita idade de 82 anos. Abri repentinamente a porta e reconheci os “meliantes” da escola primária, corri com eles e avisei-os de que na próxima seria pior. Curiosamente ainda hoje somos amigos.
Atualmente, a Serrada da Velha dispõe do envolvimento das escolas e grupos de teatro. Graças a essas participações, é possível a ordem de alguma euforia na queima das bonecas no Largo de Camões pelos presentes.
Texto de José Ernesto Costa.