Felicidade?

A felicidade total não existe. Tal como todos os outros sentimentos, a felicidade só se manifesta devido ao contraste entre as emoções que vivemos; logo, se existisse, a felicidade total não seria detetada, pois acabaríamos por nos esquecer de sentir.

Na minha opinião, não é possível ser totalmente feliz. Há sempre algo que nos perturba, desde os monstros no roupeiro, os testes, as entrevistas de emprego, a necessidade de sucesso, envelhecer e o receio da morte. A possibilidade de ser totalmente feliz, mesmo durante o mais curto segundo, não é real. Nos momentos em que sentimos o calor a cobrir o nosso corpo, um sorriso a rasgar a cara e o coração a queimar, pensamos que é esse o segundo. Pensamos que escapamos a todas as possibilidades e que atingimos a emoção surreal. Pensamos. Acreditamos que sim porque fomos ensinados a fazê-lo. Não nos esquecemos de tudo resto, apenas escolhemos ignorá-lo.

A felicidade total não existe. Nem a criação mais perfeita seria alguma vez totalmente feliz. O furacão de sentimentos que aparece sem aviso é o que faz de nós humanos. A forma mais próxima de felicidade total é aceitar a sua inexistência.

Isabel Lopes Gonçalves, 8ºB